quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O papel do indivíduo na história

O grande homem é grande não porque suas particularidades individuais imprimiam uma fisionomia individual aos grandes acontecimentos históricos, mas porque é dotado de particularidades que o tornam o indivíduo mais capaz de servir às grandes necessidades sociais de sua época, surgidas sob a influência de causas gerais e particulares. Carlyle¹, em sua conhecida obra sobre os heróis, chama os grandes homens de iniciadores (Beginners). É um nome muito acertado. O grande homem é, precisamente, um iniciador, porque vê mais longe que os outros e deseja mais fortemente que outros. Resolve os problemas científicos colocados pelo curso anterior do desenvolvimento intelectual da sociedade, indica as novas necessidades sociais, criadas pelo desenvolvimento anterior das relações sociais, e toma a iniciativa de satisfazer a estas necessidades. É um herói. Não no sentido de que possa deter ou modificar o curso natural das coisas, mas no de que sua atividade constitui uma expressão consciente e livre deste curso necessário e inconsciente. Nisto reside a sua importância e toda a sua força. Mas esta importância é colossal e esta força é prodigiosa.

¹ Tomás Carlyle (1795/1881). Escritor e historiador inglês pertencente à burguesia.


Fonte: Trecho da obra “O papel do indivíduo na história”, de G. V. Plekhanov.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nossas Elites



Ainda é pertinente a discussão sobre classes sociais? Os mesmos elementos que decretaram “O fim da história” também aboliram as classes. Da noite para o dia deixaram de existir as classes e os antagonismos de classe. Hoje só existe o cidadão rico e o cidadão pobre e a passagem da categoria de cidadão pobre para a de rico se dá pelo esforço pessoal, ou, como dizia Rockfeller, através do trabalho árduo. No entanto, qualquer pessoa que olhar atentamente para a sociedade verá que as coisas são bem diferentes. Em todas as partes observa-se uma brutal estratificação social, e cada grupo de cada estrato cumpre um papel bem definido na sociedade. Então, para os que têm fome de saber e de mudança e não se deixam levar pela balela do “fim das classes”, o artigo abaixo, extraído de um livro que estou lendo, será muito interessante.

Nossas Elites

Elite é aquele corpo seleto de pessoas que maior influência exercem na organização e na condução de sua sociedade¹. Ela é formada por dois corpos principais: o patronato, que tira seu poderia da propriedade e exploração de empresas produtivas e de bancos; e o patriciado, formado pelos que mandam através do desempenho de cargos, como os políticos, os juízes, os generais, os tecnocratas, os administradores, os bispos, os principais jornalistas e tantos outros.
Às vezes tornam-se ambíguos, como no caso de empresários bem-sucedidos, que entram na política para exercer mais plenamente sua vontade de poder e de riqueza. Ou o dos patrícios, que exercem seus cargos para enriquecer, a fim de ingressarem no patronado. Mesmo quando distinguíveis, eles são essencialmente solidários, porque a função efetiva do patriciado é a ordenação legal e jurídica da sociedade, seu governo e a manutenção da ordem, para que o patronado possa exercer livremente sua função de gestor da economia.


Texto extraído do livro intitulado “O Brasil como problema”, do professor Darcy
Ribeiro

¹ Todos os grifos são meus